sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Comentário do repórter Rodrigo Viana

Em sua carta de demissão o repórter Rodrigo Viana faz uma declaração de amor à TV Globo da Marechal.

"Quando entrei na TV, em 95, lá na antiga sede da praça Marechal, havia a Toninha - nossa mendiga de estimação, debaixo do viaduto. Os berros que ela dava em frente à entrada da TV traziam uma dimensão humana ao ambiente, lembravam-nos da fragilidade de todos nós, de como nossa razão pode ser frágil. Havia o João Paulada - o faz-tudo da Redação. Havia a moça do cafezinho (feito no coador, e entregue em garrafas térmicas), a tia dos doces...Era um ambiente mais caseiro, menos pomposo. Hoje, na hora de dizer tchau, sinto saudade de tudo aquilo. Havia bares sujos, pessoas simples circulando em volta de todos nós - nas ruas, no Metrô, na padaria.Todos, do apresentador ao contínuo, tinham que entrar a pé na Redação. Estacionamentos eram externos (não havia "vallet park", nem catraca eletrônica). A caminhada pelas calçadas do centro da cidade obrigava-nos a um salutar contato com a desigualdade brasileira.Hoje, quando olho pra nossa Redação aqui na Berrini, tenho a impressão que estou numa agência de publicidade. Ambiente asséptico, higienizado. Confortável, é verdade. Mas triste, quase desumano. "


Repórter Rodrigo Viana

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